Memoráveis

Narrativas e memórias sobre indígenas vítimas da Covid-19 na região do Rio Negro, no Amazonas

Povos indígenas: pandemia interrompe vidas e coloca em risco saberes ancestrais

Habitada por povos de 23 etnias, a região dos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, no Noroeste do Amazonas, foi fortemente atingida pela Covid-19 que, assim como em todo o planeta, interrompeu histórias de vida.

No caso dos indígenas, que tradicionalmente repassam seus conhecimentos por meio de narrativas orais no dia a dia, a morte dessas pessoas pode significar a perda de saberes, inclusive de conhecimentos sobre cura dos remédios que vêm da floresta.

Memoráveis relata um pouco sobre a vida de indígenas vítimas da pandemia.
E busca o não esquecimento dessas histórias.

•      O site Memoráveis está em construção. Se você é familiar de uma vítima da Covid-19, indígena da região do Rio Negro (de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro ou São Gabriel da Cachoeira), e deseja compartilhar a história do seu parente neste memorial, entre em contato com a gente pelo email memoraveis@foirn.org.br      •

Histórias

Feliciano Lana traduziu em arte as paisagens do Rio Negro

Calmo e generoso, seu Feliz – como o artista da etnia Tukano era conhecido – estava sempre aberto a novos desafios e para transmitir seus conhecimentos. Seus trabalhos estão em instituições como o Museu de Arte de Belém, o Museu da Amazônia e o Museu Britânico…

Higino Tenório: um curioso entendedor de mundos

Liderança indígena da etnia Tuyuka e conhecedor tradicional, Higino Tenório foi uma das grandes referências do Rio Negro. Tinha uma marcante curiosidade e avidez por conhecer e aprender, num incansável esforço por entender os diferentes…

Espírito de liderança e gentileza eram marcas de Isaías Baniwa

Diretor da Foirn, Isaías Baniwa carregava características presentes no seu nome de benzimento, Komadeeroa. Em tradução aproximada para o português, a palavra significa “líder guerreiro, manso como pato”…

O dia de Dona Nazinha começava bem antes do sol nascer

Se não houvesse afazeres da cozinha, ela acordava de madrugada assim mesmo: ia tomar o banho ali por perto, chegava, esquentava quinhampira, fazia mingau, pegava o tucum e fazia artesanato até amanhecer.

A casa de seu Jerônimo era a referência da família

Indígena da etnia Piratapuia, Jerônimo Chaves Gomes, saiu de Aracu-Ponta, no Rio Uaupés, quando era moço, carregando a família em viagem de 30 dias até chegar a São Gabriel. Na cidade, estabeleceu moradia e acolheu os familiares. Morreu na rede, em casa, aos 78 anos, cercado por parentes…

Parteira, conhecedora, agricultora: filho conta sobre os afazeres da mãe

Filho de Dona Darlene, indígena da etnia Baniwa que morreu em Tunuí Cachoeira, no Rio Içana, conta que a mãe tinha diversas atividades. “Sempre cuidava de seus filhos ensinando a viver no mundo através de respeito um ao outro”, relembra…

Fazedor de canoas e grande conhecedor das árvores

Além de ser serrador na comunidade de Tunuí Cachoeira, no Rio Içana, Moisés da Silva, da etnia Baniwa, era um homem conciliador, que tinha o dom de saber dialogar. Faleceu em São Gabriel, para onde se mudou para acompanhar a família…

Contador de histórias que conversou com o boto

Seu Olavo colocou um peixe sobre o remo e esticou para fora do barco.
Na escuridão, ele só ouviu como se alguém tivesse pulado na água e, depois, sentiu o banzeiro na canoa. Até ligou a lanterna, mas não viu ninguém por perto.
A voz era do boto.

Ihiru: criança Yanomami é uma das vítimas da Covid-19

A Covid-19 roubou uma parte do presente e do futuro da família do indígena da etnia Yanomami Valdemar Pereira Lins, de 29 anos, e de sua esposa Daniela Lopes Assis. A filha deles, de 3 anos, foi contaminada pelo novo coronavírus em Maturacá, aldeia onde a família mora. A ihiru – palavra Yanomami para criança – gostava de brincar com o pai na comunidade e dormir na rede com a avó. O casal tem outras duas filhas e, para seguir em frente, conta com a proteção dos pajés contra os espíritos da tristeza…